texto HEINER MÜLLER
direção ROBERT WILSON
com ISABELLE HUPPERT e ARIEL GARCIA VALDÈS
Sabia que Heiner tinha um texto e eu não queria, algumas vezes, que me falassem do que se tratava neste texto, mas eu apenas coloquei o texto em cima dos movimentos e deixei depois que me falassem o que estava naquele texto. O motivo disso é que eu tive medo que, uma vez que eu entendesse demais, eu começaria a fazer conexões lógicas. E eu me perguntava, é perto demais, ou não o suficientemente perto? Depois também discutimos como articular o texto da melhor forma. Os atores de vez em quando ficam frustrados por que sabem que eu não entendo a língua...

Você verdadeiramente não entende a língua, ou apenas finge não entendê-la?

(ri) ... muitas coisas não se percebem quando não se entende a língua, mas quando os atores pressionam demais, ou quando colocam significância demais no texto, ou quando uma frase é banal, ou quando alguém coloca no meio de tudo um início – isso sim eu ouço. E falo: “Não comece o texto, ele já está em andamento, independente de quando você começa a falar.” A primeira palavra é a última palavra. O texto é um contínuo. 
Einstein respondeu a um repórter quando este pediu para ele, se pudesse, repetir o que ele tinha acabado de falar: “Não, isso foi um original. Não posso repetir o que eu acabei de falar por que tudo é o mesmíssimo pensamento.”

Robert Wilson

O ponto central do teatro do Bob é a igualdade dos elementos texto, luz, som, objetos de cena, atores. Isso é agradável, porque não ataca de nenhum jeito o texto: ele fica tratado do mesmo jeito como objeto e fato como o palco e como um mobiliário. Assim os textos ficam transparentes por todos os lados. No teatro alemão normal, o ator muitas vezes cobra o texto, ou se traduz – e assim o texto some. Vê-se apenas a bunda do ator, ou muitas vezes nem isso. 
O teatro americano desde o início foi mais orientado aos estímulos visuais do que ao texto. Tem as exceções de O’Neill até Tennessee Williams, mas isto são os autores dominados pela Europa. O teatro americano é revista, show. É uma qualidade desta civilização ser vampiresca, ela suga e consegue mastigar tudo. Isso também é uma qualidade de Bob Wilson. Ele devorou muito e monstruosamente o teatro japonês. Tudo o que existe de meios teatrais está disponível. Mas com ele não se gera algo eclético, nada fica fundido, tudo ainda está reconhecível, mesmo num novo contexto. Recentemente vi o filme “O mensageiro do diabo” (The Night of the Hunter), o belo filme de Charles Laughton que provavelmente é uma das fontes do teatro de Bob. Neste filme tem um passeio de barco noturno pelo Mississipi, com bichos nas margens do rio, e as crianças dormindo num celeiro. Isto foi obviamente uma infância americana, onde o terror nasce da imensidão de espaços e distâncias. Isto é o sul, não é Nova Iorque, não é Nova Inglaterra, mas é Texas.

Heiner Müller

QUARTETT
de Heiner Müller

Tradução de Jean Jourdheuil e Béatrice Perregaux 
Direção, cenografia e design de luz: Robert Wilson
Composição original da música: Michael Galasso
 
com
Isabelle Huppert Merteuil
Ariel Garcia Valdès Valmont
Rachel Eberhart, Michel Beaujard e Benoît Maréchal
 
Figurino: Frida Parmeggiani
Colaboração direção: Ann-Christin Rommen
Colaboração cenografia: Stephanie Engeln
Iluminação: AJ Weissbard
Maquilagem e penteados: Luc Verschueren
Músicos: Cyril Atef, Jeffrey Boudreaux, Michael Galasso, Vincent Ségal e David Taïeb
Som: Jean-Louis Imbert e Thierry Jousse
Assistente de maquilagem: Sylvie Cailler
Assistente de penteados: Jocelyne Milazzo
Equipe técnica do Odéon-Théâtre de l’Europe
The Byrd Hoffman Watermill Foundation agradece a Aventis Foundation, The Brown Foundation, LVMH / Moët Hennessy, Louis Vuitton, Robert W. Wilson, Laura Lee W. Woods, Luciano & Giancarla Berti, Donna Karan, The Peter J. Sharp Foundation, Louise T. Blouin MacBain, The Dorothy & Lewis B. Cullman Foundation, Montres Rolex S.A, Gabriele Henkel, Katharine Rayner, Philippine de Rothschild, Maja Hoffmann & Stanley Buchthal, The Scaler Foundation, Betty Freeman, The Guttman Family, Pierre Bergé, Agnes Gund, Zora Danon, William & Christine Campbell, Asher Edelman, The Rudkin Family Foundation, Marina Eliades, Earle & Carol Mack, Richard D. and Lisa Colburn, The Rudin-DeWoody family, Bacardi USA, Inc., Elaine Terner Cooper (in memoriam), Robert Louis Dreyfus, Irving Benson, William Kornreich, Margherita di Niscemi, Louisa Stude Sarofim, Katharina Otto & Nathan Bernstein, Bettina & Raoul Witteveen, The Alexander C. & Tillie S. Speyer Foundation, Robert Wilson Stiftung, The Giorgio Armani Corporation, Joël-André & Gabriella Ornstein, The Martin Bucksbaum Family Foundation, Lyndon L. Olson Jr., Neda Young, The Barbara L. Goldsmith Foundation, Ethel de Croisset (in memoriam), Laura Pels, The Cowles Charitable Trust, The Park Avenue Charitable Fund, Nancy Negley, Leslie Negley, American Friends of the Paris Opera and Ballet, Anne Randolph Hearst, Dianne Benson, Marc Jacobs, Richard & Marcia Mishaan, Stanley Stairs, The Felix & Elizabeth Rohatyn Foundation, Hélène David-Weill, André Bernheim, The Andrew 

Uma Produção de Odéon-Théâtre de l’Europe, La Comédie de Genève, Théâtre du Gymnase/Marseille Co-produção Festival d’Automne à Paris

Produção no Brasil: interior Produções Artísticas Internacionais ltda. Diretores de produção: Matthias Pees e Ricardo Muniz Fernandes. Produtor executivo: Ricardo Frayha. Coordenação técnica: Julio Cesarini. Tradutores: Paulo Chamon, Luiz Chamon e Isabele Ribot. Design gráfico: Érico Peretta.
Quartett (FRA)
Published:

Quartett (FRA)

texto Heiner Müller | direção Robert Wilson | com Isabelle Huppert e Ariel Garcia Valdès

Published:

Creative Fields